Qual a melhor tradução da Bíblia? Até pouco tempo havia apenas um tipo de texto bíblico nas línguas originais, a partir do qual se fizeram traduções para as diversas línguas, como as que surgiram no período da Reforma Protestante. No Brasil, o responsável por este trabalho foi João Ferreira de Almeida. Recentemente, porém, criou-se um tipo de texto diferente a partir da ciência da crítica textual, pelo que o produto desse trabalho chamou-se Texto Crítico. Novas traduções e a surgir a partir disso. Esse texto, entretanto, não é estático, sofrendo revisões e atualizações constantemente, já passando de trinta edições!, o que também se reflete no número de novas traduções.

Além disso, surgiu a ideia de que o original não deveria ser apenas traduzido, num método de equivalência formal, mas também interpretado pelos tradutores com o pretexto de tornar a leitura mais fácil, ao que se classifica como equivalência dinâmica. Isso abre um leque de inúmeras possibilidades, algumas das quais chegam a ser mais paráfrases ou paródias, distanciando-se muito das Escrituras originais.

Soma-se isso ao fato de que várias editoras passaram a buscar colocar no mercado sua própria versão, cada qual pretendendo ser a “melhor” e mais moderna; logo, temos praticamente uma Bíblia pra cada gosto.

De fato a “propaganda” em prol da tolerância ao novo Texto Crítico é de que não há que se preocupar por não haver diferenças significativas para o Texto Tradicional, sendo tudo uma questão de ordem das Palavras – como por exemplo se se diz “Jesus Cristo” ou “Cristo Jesus” – um estilo literário menos rebuscado e algumas mudanças que facilitam ou melhoram o entendimento do texto, e que nenhuma doutrina é afetada. Uma vez que os renomados teólogos dizem isso, tal argumento é logo aceito, mas uma verificação comparando algumas passagens logo mostra que isso não é verdade.

Textos que afirmam clara e diretamente as doutrinas da divindade de Cristo, da propiciação só pelo sangue de Cristo, da morte vicária de Cristo, da Trindade, da salvação, do nascimento virginal de Cristo, além da importância do jejum e títulos divinos de Cristo, são afetados, alterados, e até extirpados em não poucas passagens. (Veja, como exemplo, este artigo).

É o resultado do trabalho da crítica textual moderna, iniciada por Westcott e Hort em 1881, a partir da descoberta de manuscritos ocultos até então de origem alexandrina (Egito), especialmente o Sinaiticus e o Vaticanus, os quais aparentavam serem mais antigos, além de terem uma leitura mais curta, difícil, estranha e menos ortodoxa, sendo por essas razões, segundo os seus critérios, considerados melhores e mais próximos aos originais.

Isso se deu no contexto do liberalismo teológico e do surgimento das ideologias darwinistas/evolucionistas e marxistas do século XIX. Bruce Foss Westcott e Frenton John Anthony Hort eram padres anglicanos liberais, que não acreditavam na doutrina da Criação, no entanto, abraçavam as ideias darwinistas, além de outras heresias romanistas. Eles desprezavam o Texto Tradicional, acusando o texto bíblico de ter “evoluído” dentro da Igreja e sendo incrédulos quanto a intervenção divina para preservar a Sua Palavra dada.

Assim, afirmando que o texto original das Escrituras fatalmente se perdeu, e que o que a Igreja tinha em mãos ao longo dos séculos foi algo corrompido pelo homem, eles se empenharam num esforço científico de recriar o texto original das Escrituras por meio da crítica textual. Ou seja, num trabalho puramente humano (literalmente agindo como se Deus não existisse), os manuscritos deveriam ser tratados também como um texto qualquer, de modo que a partir dos melhores esforços e recursos humanos e descobertas mais recentes, fosse possível chegar talvez um pouco mais perto daquilo que se pretendia ser o original. Apesar disso, nunca há consenso entre os críticos, os quais reconhecem também que é impossível chegar às exatas palavras que Deus comunicou.

Encantados e seduzidos com o papel de destaque dado aos homens de restaurar a Palavra de Deus “perdida”, muitos teólogos se voltaram aos acadêmicos como aqueles que teriam capacidade e estudo suficiente para nos dar algo novo, algo mais próximo do original. Uma vez que esse assunto é tratado de forma naturalista, também não é dada muita importância à piedade daqueles que lidam com isso, vide quem foram os pais dessa crítica textual moderna e seus seguidores, referências até hoje neste assunto na academia teológica.

É também chamado de Texto Eclético, por este parecer-se com uma colcha de retalhos, construído a partir de diferentes fontes segundo critérios tantas vezes subjetivos dos críticos.

Veja a descrição a seguir:

Codex B e Codex Aleph, o “Sin-Vat” [Let’s Weight The Evidence, Barry Burton, Chick Publications] pp 60-61, [Problem Texts, Dr. Peter S. Ruckman] p 408.

Os dois manuscritos alexandrinos mais proeminentes são o Codex B Vaticanus e o Codex א, Aleph, Sinaiticus. Um resumo de sua história e conteúdo revela sua natureza corrupta:

1) Códice B Vaticano

  1. Foi encontrado em excelentes condições na biblioteca do Vaticano em 1481 e nunca influenciou a Reforma Protestante.
  2. Omite Gênesis 1:1-46:28, partes de 1 Samuel, 1 Reis, Neemias, Salmo 105:26-137:6, Mateus 16:2, 3, João 7:53-8:11, epístolas pastorais paulinas, Hebreus 9:14-13:25, Apocalipse.
  3. Deixa colunas em branco para Marcos 16:9-20, [Falsificado ou Genuíno? Marcos 16? João 8? 2ª Edição David Otis Fuller, D.D.] p 67, fornecendo assim testemunho adicional para a existência desta passagem.
  4. Inclui os Apócrifos como parte do Texto do Antigo Testamento. Bíblias protestantes NÃO [wilderness-cry.net/bible_study/books/kjv-defended/, The King James Version Defended 3ª Edição Edward F. Hills Th.D.] p 98.

2) Codex א, Aleph, Sinaiticus

  1. Foi encontrado em uma pilha de lixo no Mosteiro de Santa Catarina perto do Monte Sinai em 1844 pelo Conde Tischendorf, que finalmente obteve o manuscrito inteiro em 1859.
  2. Omite Gênesis 23:19-24:46, Números 5:27-7:20, 1 Crônicas 9:27-19:17, Êxodo, Josué, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Juízes, Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel, Daniel, Marcos 16:9-20, João 7:53-8:11.
  3. Acrescenta Pastor de Hermes e Epístola de Barnabé ao Texto do Novo Testamento.

Os códices Aleph e B discordam entre si mais de 3.000 vezes apenas nos Evangelhos [Let’s Weight The Evidence] p 60. No entanto, eles foram designados como “Os primeiros manuscritos mais confiáveis” e “Os manuscritos mais antigos e confiáveis” pela NIV  Novo Testamento, pág. 70, 127* 2012. Observe o veredicto de Burgon:

“A impureza dos Textos exibidos pelos Códices B e Aleph não é uma questão de opinião, mas uma questão de fato. Estes são dois dos documentos menos confiáveis ​​existentes. Longe de permitir a posição de Hort de que ‘um texto formado usando o Codex B como única autoridade seria incomparavelmente mais próximo da verdade do que um texto similarmente retirado de qualquer outro documento grego ou único’ que nos aventuramos a afirmar que seria, ao contrário, de longe o Texto mais sujo que já viu a luz: isto é, pior até mesmo do que o texto dos Drs. Westcott e Hort. E isso quer dizer muito.” Dean Burgon [www.gutenberg.org/ebooks/36722?msg=welcome_stranger#toc9, A revisão revisada Dean John William Burgon] pp 315-316.

São manuscritos que ganharam notoriedade a partir das expedições de Tischendorf. Seus dois principais representantes são o Sinaiticus e o Vaticanus. Este estava há algum tempo esquecido numa prateleira da biblioteca do Vaticano, ao passo que aquele estava numa lata de descarte num mosteiro ao pé do Monte Sinai.

Entre suas características estão uma enorme quantidade de erros (dezenas por página) e contradições – somente nos evangelhos são mais de 3.000 divergências entre si! –, presença de livros apócrifos, rasuras e sinais de dez diferentes autores apagando e reescrevendo diversas partes em diferentes momentos! Tais marcas expressam um caráter de descuido muito grande ou irreverência por parte dos responsáveis pela produção desta cópia, postura muito diferente daqueles que criam – e tremiam – por estarem diante da palavra divinamente inspirada.

Possuem a aparência de serem os mais antigos manuscritos existentes, embora não haja nenhuma – nem se permita fazer – comprovação para isso (veja este artigo).

Importante também observar a origem desses manuscritos, que estudiosos apontam para Alexandria (Egito). Este local foi berço de muitas heresias como o gnosticismo, e que negavam a doutrina da Trindade e da divindade de Cristo. Além disso, não havia fluência grega neste lugar, o que, naturalmente, favorecia erros, como de fato se nota nesses manuscritos – desde erros gramaticais a pequenas alterações que mudam completamente o sentido do texto. Por não haver uma presença forte da Igreja, como no território bizantino, também não havia uma supervisão apostólica que pudesse denunciar ou corrigir possíveis erros nas cópias produzidas e circulantes da região.

Por conta de tudo isso, é realmente falacioso que haja alguma comprovação científica que ateste para a superioridade desses manuscritos. As próprias evidências internas já mencionadas apontam para um trabalho de qualidade muito ruim, enquanto as evidências externas, como o seu desprezo pela Igreja e seu isolamento, apontam para a mesma direção.

Primeiramente é preciso diferenciar “texto” de “manuscrito”. Manuscrito refere-se aos documentos escritos em materiais perecíveis, como o papiro ou couro, e que não podiam suportar a ação do tempo e manuseio por muito tempo. Texto refere-se ao conteúdo destes documentos.

Assim, é perfeitamente plausível dizer que os manuscritos originais (também chamados autógrafos), perderam-se com o tempo. Isso, por sua vez, é totalmente diferente de afirmar que o texto original, ou seja, as palavras escritas nesses manuscritos, se perderam.

Mas como poderíamos ter certeza de termos hoje, em mãos, aquelas mesmas palavras que os homens movidos por Deus escreveram? Ora, pelo mesmo modo que cremos que o que eles escreveram provém do próprio Deus. Teria Deus deixado perder aquilo que Ele tão zelosamente entregou ao seu povo? (veja este artigo).  Não teria Ele poder para conduzir todo o processo de transmissão do texto de modo a garantir que seu povo, em toda a história, tivesse acesso às Suas Palavras?

Assim, é pela ação do Espírito Santo que nos é garantido o acesso ao Texto Original perfeitamente. Por outro lado, faz parte dos pressupostos naturalistas da crítica textual moderna excluir do campo de estudo qualquer ação sobrenatural. Isso obriga a se buscar qualquer outra resposta e teoria mirabolante para justificar a necessidade de se recuperar o texto que Deus não teria tido competência ou interesse em preservar.

Ainda que fosse uma verdade estes manuscritos serem da data atestada (século IV), isso não dá qualquer indício de que fossem mais próximos aos originais. Uma seita herética (como muitas das que haviam na época) poderia ter feito uma cópia adulterada de uma epístola apostólica pouco depois de ela ter sido escrita, por exemplo. Isso indicaria sua originalidade? Contudo, confiamos na direção do Espírito Santo, que em tudo conduziu a Igreja à verdade (Jo 16:13), de modo que percebe-se logo que essas cópias adulteradas não foram bem recebidas. Por outro lado, a inexistência de cópias mais antigas dos manuscritos bizantinos indicam sua plena aceitação, que de tanto serem copiados e utilizados desfizeram-se com o tempo.

Uma pergunta importante é: se o texto alexandrino é o mais próximo do original, por que não possui uma linha de manuscritos posteriores ao século V – em comparação com o texto bizantino, que possui a maioria massiva de manuscritos? O que é mais fácil, que os manuscritos dos séculos I, II, III, se percam, ou que se percam após os séculos VI, VII, VIII…?

Também é contado como vantagem dos manuscritos alexandrinos eles apresentarem uma leitura mais difícil, menos ortodoxa e mais curta em comparação ao Texto Bizantino. Essas características supostamente daria a eles o crédito de serem mais próximos aos originais, pois é bem pouco provável (lembrando do pensamento naturalista) que pessoas pouco dotadas (como Pedro) pudessem escrever tratados mais complexos, com linhas de raciocínio perfeitas. Além disso, é dito que os copistas teriam uma tendência de querer aperfeiçoar esses textos, complementando-os de acordo com as doutrinas da ortodoxia e práticas litúrgicas, conflacionando o texto, ou seja, acrescentando coisas não pertencentes ao original.

Ora, se de fato crêssemos que as Escrituras “evoluíram” junto com a Igreja (ao invés de lhe ter sido entregue e assim recebida), por um processo de constantes intervenções do homem e sem qualquer ação da parte de Deus na inspiração e preservação da Palavra que Ele revelou, então realmente esses argumentos fariam sentido.

Griesbach, Lachmann, Westcott, Hort, Nestlé, Aland, Metzger… O que podemos observar nos pais da teoria do Texto Crítico e seus editores modernos?

BENGEL (1725) já escrevia suspirando de amores pela vinda de textos cada vez mais heréticos, e defendeu com sucesso “proclivi scriptioni praestat ardua” “before the easy reading, stands the difficult”, que equivale a “ao invés das leituras mais atestadas por evidências externas e internas, prefiramos as variantes que têm as maiores dificuldades [doutrinárias, gramaticais, de rasuras, de apoio pequeno em número e qualidade]”.

J.J. GRIESBACH (1745-1812): Johan Jacob Griesbach foi um professor da disciplina “Novo Testamento”, com uma paixão pelo criticismo textual. Compilou um Novo Testamento grego seguindo as más influências de Bengel (1774). É importante notar que Griesbach, “[que] desde seus dias de estudante de graduação [foi] influenciado pela maré enchente do racionalismo que varria seu país, era um inimigo do cristianismo ortodoxo” (D. A. Thompson, “The Controversy Concerning the Last Twelve Verses of the Gospel According to Mark”, p. 40). Griesbach mantinha o assombroso ponto de vista de que “Entre as várias variantes para uma passagem [do Novo Testamento em grego], tem que merecidamente ser considerada como suspeita aquela que, mais do que as outras [variantes], manifestamente favorece os dogmas da ortodoxia” (Scrivener, citado por D. A. Thompson, p. 40). Em outras palavras, de acordo com este princípio, “se houver uma passagem no Texto Recebido que evidente e fortemente implica ou ensina a divindade de Cristo em [natureza e] essência, ou [ensina] alguma outra doutrina fundamental da Fé, e em alguns outros velhos manuscritos houver uma variante que diminua aquela ênfase, ou que, por omissão, de todo a joga no lixo, então esta última variante deve tomar precedência sobre aquela primeira” (Ibid.). A edição do texto (em grego) de Griesbach removeu o final de Marcos 16 (vv. 9-20).

J.L. HUG (1765-1846): “em 1808 introduziu a teoria de que, no século II, o texto do Novo Testamento tinha se tornado profundamente degenerado e corrupto, e que todos os textos hoje sobreviventes são meramente revisões editoriais deste texto corrompido” (Hills, p.65). Esta inacreditável teoria totalmente contradiz a promessa que Deus fez de preservar as Escrituras.

K. LACHMANN (1793-1851), que tem sido descrito como um racionalista alemão (Turner, p.7), blasfemou das promessas de preservação através da providência de Deus e criou uma complexa teoria chamada de “Stemmatica” que seria o que decidiria (ou conjecturaria e inventaria) o que o texto original “provavelmente foi” (1831). Publicou edições do Novo Testamento em Berlim, na Alemanha, em 1842 e 1850. Ele foi um professor de “Filologia Clássica e Alemã”, em Berlim. Ele “começou a aplicar ao texto do Novo Testamento em grego as mesmas regras que tinha usado para editar textos dos clássicos gregos, os quais têm sido radicalmente alterados ao longo dos anos. (…) Lachmann tinha estabelecido uma série de diversas pressuposições e regras que usou para chegar aos [que cria serem os] textos originais dos clássicos gregos. (…) Ele agora começou a usar estas mesmas pressuposições e regras para corrigir o Novo Testamento que ele também pressupunha ter sido irrecuperavelmente corrompido. [Mas] ele cometeu um erro por demais evidente. O cuidado reverente e amoroso prestado pelas igrejas fiéis ao copiar e preservar as Escrituras não foi igualado por um processo similar no copiar dos clássicos gregos” (Turner, pp. 7-8). Lachmann descartou a escrita do Texto Recebido em favor daquilo que ele considerava o mais antigo e melhor texto, representado pelo Vaticanus e uns poucos outros manuscritos similarmente corrompidos. Burgon observa que “o texto de Lachmann raramente se apoia em mais que quatro códices em grego, muito frequentemente em três, não infrequentemente em dois, algumas vezes em somente um”. (“Revision Revised”, p. 21). Na sua arrogância de erudito, Lachmann estava querendo erradicar séculos de piedoso discernimento (purificado na fornalha da perseguição), em favor de modernas novidades.

B. F. WESTCOTT (1825-1901): Professor e bispo anglicano, escreve para Hort: “agora eu encontrei a presunção em favor da verdade absoluta: eu rejeitei a palavra infalibilidade das Sagradas Escrituras opressivamente.” (Life, Vol I, pág 207). Westcott acreditava e tentou viver uma espécie de comunismo cujo objetivo final era a vida em comum no campus da universidade que era chamado de “coenobium”.

F. J. A. HORT (1828-1892): professor e padre anglicano, foi amigo de Westcott por toda a vida, desde que ingressou no Trinity College e começou sua carreira em teologia. Hort declarou sobre a Bíblia: “Nenhuma consideração especial deve ser feita concernente às suas declarações de inspiração e preservação”. Além disso, Hort era um admirador e proponente de Darwin e sua teoria da evolução que foi intensamente alardeada pelo livro Origens das Espécies apenas 22 anos antes do lançamento da edição revisada (RV).

Westcott e Hort eram ministros anglicanos liberais e professores da Cambridge University. Totalmente atolados na filosofia alexandrina que defende “não haver nenhuma Bíblia perfeita”, eles nutriam um recalque repulsivo e doentio à Bíblia King James e o seu texto base, o “Textus Receptus” (no qual que também se baseou João Ferreira de Almeida). Além de outras coisas, eles não acreditavam no céu; ambos diziam que o céu existia apenas na cabeça do homem. Passando-se por “conservadores”, editaram o texto Westcott-Hort (WH), que difere em 9.970 palavras (7%) do T.R. que tem sido usado pela cristandade de 19 séculos!

Tanto Westcott como Hort eram admiradores de Maria (mariólatras). Westcott ia a tal ponto, que chamava a sua esposa Sarah de “Mary”. Criam também no purgatório e outras invencionices romanas… Veja o que Hort escreveu para Westcott em 17/10/1865, apenas 5 anos antes do início dos trabalhos para publicação do texto da Versão Revisada: “Eu tenho me persuadido que o culto à Maria e o culto a Jesus tem muitíssimo em comum nas suas causas e em seus resultados…”.

Além disso, tanto Westcott como Hort não só aceitavam como também promoviam orações pelos mortos. Acreditavam na comunicação com os mortos e buscaram várias tentativas de fazê-lo através de uma sociedade que organizaram chamada “The Ghostly Guild” (Grêmio ou associação fantasmagórica).

Mais sobre suas crenças e citações pode ser visto em: Pai das Bíblias TC, HORT: Algumas das Suas Crenças, nas Suas Próprias Palavras, Horríveis

Bruce Metzger afirmou que Westcott e Hort nunca compararam nenhum manuscrito [físico], mas simplesmente “refinaram a metodologia crítica desenvolvida por Griesbach, Lachmann e outros, e a aplicaram rigorosamente. (Metzger, Text of the New Testament, p. 129). Ambos lideraram o comitê que criou um Novo Testamento grego nunca antes visto.

G. V. SMITH (1816-1902): do comitê de revisão dirigido por Westcott e Hort, George Vance Smith era um unitarista que negava completamente a divindade de Cristo e a expiação pelo sangue, a personalidade do Espírito Santo e a doutrina da Trindade. Ele não acreditava na inspiração das Escrituras.

E. ABBOT (1819-1884): Ezra Abbot estava por trás da American Standard Version (ASV) de 1901. Ele afirmava que Cristo não deveria ser adorado. Em uma nota de rodapé em Jo 9:3 da ASV ele escreveu que Cristo era um ser criado e fez uma distinção entre Cristo (criado) e Deus (Criador).

E. NESTLÉ (1851-1913): Eberhard Nestle rejeitou a infalibilidade da Bíblia e acreditava que não era mais do que uma peça normal de literatura. Ele afirmou que os autores do Novo Testamento nunca esperaram que seus escritos fossem lidos por outros, muito menos considerados como a palavra autorizada de Deus.

K. ALAND (1915-1994): Kurt Aland negou a inspiração verbal da Bíblia e acredita que o Antigo Testamento e os evangelhos estão cheios de mitos que não eram inspirados por Deus, mas meramente um processo naturalista. Ele não acredita que o cânon da Escritura esteja completo ou estabelecido. Além disso, duvidava da canonicidade de vários livros do Novo Testamento. Ele e sua esposa, junto a E. Nestle, foram contribuidores da UBS.

Aland queria ver todas as denominações unidas em um “corpo” por meio da aceitação de um novo canon ecumênico das Escrituras, o qual levaria em conta os livros apócrifos católicos (The Problem of the New Testament Canon, pp. 6,7,30-33).

B. METZGER (1914-2007): Bruce Metzger é o modernista editor da Revised Standard Version, do National Council of Churches. Ele editou a New Oxford Annotated Bible RSV e a Reader’s Digest Condensed Bible, ambas cheias de comentários heréticos sobre as Escrituras. Em suas notas editoriais nestes volumes, Metzger questiona a autoria, a data tradicional e a inspiração sobrenatural dos livros escritos pelas mãos de Moisés, Daniel, João, Paulo, e Pedro. Ele ensina que o Velho Testamento é uma matriz de mito, lenda e história; rejeitou o dilúvio do Gênesis; disse que Isaías foi escrito por dois outros autores; chama Jó de uma fábula folclórica e Jonas de uma lenda. Também nega a infalibilidade da Bíblia.

E. NIDA (1914-2011): Eugene Nida é um dos principais pais da filosofia da equivalência dinâmica, que clama que a Bíblia não precisa ser traduzida literalmente, mas pode ser ‘adaptada à cultura do homem’ . Ele nega a expiação pelo sangue de Jesus Cristo e diz que o sangue não foi uma propiciação para nossa salvação. Também não acredita que a Bíblia é a absoluta, perfeita Palavra de Deus.

C. M. MARTINI (1927-2012): Bispo católico romano, Carlo Maria Martini foi um dos editores da UBS, adicionado em 1967. Acreditava na evolução, em que a Bíblia era literatura comum e abraçava numerosas filosofias da Nova Era.

Veja aqui algumas das citações dos críticos modernos.

Embora a teoria desenvolvida por Westcott e Hort tenha, como dissemos anteriormente, dominado a moderna crítica textual do Novo Testamento, nem todos a aceitaram. John W. Burgon, Edward Miller, Frederick Scrivener e George Salmon foram alguns dos importantes estudiosos do Novo Testamento, contemporâneos de Westcott e Hort, que combateram tenazmente tanto a teoria como o texto grego desses autores.

John William Burgon (1813-1888), Deão de Chichester, conhecido por sua ortodoxia e erudição inquestionáveis, foi um dos maiores defensores do que ele chamou de texto tradicional, em oposição ao Texto Eclético de Westcott e Hort. A defesa que Burgon fez do texto tradicional baseava-se nos seguintes argumentos: (1) Este é o texto apoiado pela grande maioria dos manuscritos, de qualquer tipo, em qualquer época, e nas principais regiões (Ásia Menor e Grécia); (2) Este é também o texto que apresenta melhor qualidade intrínseca (harmonia, gramática, estilo, etc.); (3) Este é o texto que tem sido universalmente aceito pela Igreja.

Dentre as contribuições de Burgon para a Crítica Textual do Novo Testamento, podemos citar as pesquisas de diversos manuscritos cursivos; a preparação de uma excelente coleção de citações patrísticas do Novo Testamento, nos Pais da Igreja, o Index Patristicus, com 86.489 citações, em dezesseis volumes manuscritos; uma defesa erudita, muito bem elaborada, dos últimos doze versos do Evangelho de Marcos; e uma crítica penetrante à Revised Version (Versão Revisada da Bíblia Inglesa), baseada no texto de Westcott e Hort.

Edward Miller ficou conhecido como colaborador e editor póstumo das obras de John Burgon. Ele organizou, completou e publicou a obra de Burgon The Traditional Text of the Holy Gospels Vindicated and Established (“O Texto Tradicional dos Santos Evangelhos Defendido e Estabelecido”), e escreveu A Guide to the Textual Criticism of the New Testament (“Um Guia à Crítica Textual do Novo Testamento”).

Frederick Henry Ambrose Scrivener foi outro perito em crítica textual que combateu a teoria de Westcott e Hort. Professor em Cornwall, Scrivener é um nome importante na história do texto do Novo Testamento. Como defensor do Texto Majoritário publicou, a partir de 1859, diversas edições do Textus Receptus, de Stephanus, com leituras de Elzevir, Lachmann, Tischendorf e Tregelles. Em 1881, publicou o texto grego usado pelos revisores ingleses de 1611. Entre 1861 e 1894, publicou em quatro volumes o manual mais usado pelos críticos textuais ingleses, intitulado A Plain Introduction to the Criticism of the New Testament (“Uma Introdução Clara à Crítica do Novo Testamento”). Além disso, Scrivener publicou diversos códices, tais como o Augiensis (1859), Bezae (1864) e Sinaítico (1864). Entretanto, foi através das pesquisas que fez em manuscritos que deu a sua maior contribuição, pois analisou mais de setenta manuscritos do Novo Testamento. Isto mostra que tanto Burgon quanto Scrivener eram eruditos dos mais capazes na pesquisa do texto do Novo Testamento, e, pelo menos por isto, suas críticas deveriam ser recebidas com mais atenção pelos críticos textuais modernos.

G. Salmon também se opôs firmemente à teoria de Westcott-Hort. Em uma obra não publicada, escrita em 1897, intitulada Some Thoughts on the Textual Criticism of the New Testament (“Reflexões sobre a Crítica do Novo Testamento”) ele alerta quanto ao servilismo com o qual a teoria de Hort estava sendo aceita, e sua nomenclatura adotada, “…como se a última palavra tivesse sido dada quanto ao assunto do criticismo do Novo Testamento…” (Anglada, 1996).

Certamente podemos e devemos! Nisso toda a Igreja do Senhor tem crido ao longo de todos os séculos, e disso depende nossa fé. Podemos afirmar isso primeiramente porque foi o que Deus prometeu fazer e que disse que fez. Veja o que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso na pergunta seguinte.

Na Teologia, as Escrituras Sagradas são chamadas de Revelação Especial. Ou seja, é o meio pelo qual claramente Deus se revelou ao ser humano, qual é a Sua natureza, Suas obras, Sua vontade e Suas promessas. Ele deu a nós a Sua Palavra para que possamos conhecê-lO. Sabendo que o homem é falível, após tê-la comunicado, Ele garantiu que também ela fosse escrita, movendo/inspirando homens para fazê-lo, exatamente como foi entregue (II Tm 3:16; II Pe 1:21; Jr 30:2; Is 30:8; Êx 34:27; Ap 1:11), de modo que esse legado pudesse alcançar todas as pessoas, de todos os tempos e lugares.

Assim, para que a geração presente pudesse assim conhecer a Deus, que quis se revelar, é necessário que aquilo que Ele revelou milênios atrás seja dado também para nós hoje. Como Ele faz isso? Preservando a Sua Palavra; de modo que, a menor alteração no texto que foi entregue à Igreja no início, implicaria que nós seríamos prejudicados em nosso conhecimento de Deus, o que cremos que Ele não deseja, e que tem poder para impedir isso.

Por conseguinte, é simplesmente inútil crer na doutrina da Revelação e da Inspiração da Palavra de Deus sem crer que Ele a preservou plena e perfeitamente! Em outras palavras, para quem acredita que o texto original se perdeu e precisa ser restaurado, de nada adianta pensar que alguma Palavra algum dia foi inspirada, já que não a teríamos e no máximo podemos nos aproximar delas, mas com uma boa margem de erro e sem qualquer garantia…

Não apenas isso, mas uma vez que se afirme que muitas passagens, do modo que estão construídas, sejam fruto de erros de copistas (independente se acidentais ou intencionais), e que muitos erros surjam com o Texto Crítico, a própria Inerrância bíblica é minada.

Sim. É possível notar o cuidado e zelo de Deus com cada uma de suas palavras reveladas ao longo de toda a Bíblia. Embora os críticos modernos gostam de enfatizar que a Bíblia nada diz a respeito de Deus preservar perfeitamente Sua Palavra, isso apenas demonstra o espírito de ceticismo que domina boa parte da academia nos dias de hoje. Segue abaixo alguns exemplos:

Ex 24:4: “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel”.
Se houve zelo e cuidado para escrever todas as palavras (não meramente a ideia geral), não haveria também zelo por preservar essas mesmas palavras?

1Cr 16:15: “Lembrai-vos perpetuamente da sua aliança e da palavra que prescreveu para mil gerações“.
Deus prescreveu sua Palavra para mil gerações; certamente ainda estamos longe de chegar neste limite. Deus é onipotente; sua prescrição não é como uma mera sugestão, mas aquilo que ele determinou Ele mesmo cumpre.

Sl 119:140,160: “A tua palavra é muito pura; portanto, o teu servo a ama.
A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos juízos da tua justiça dura para sempre.”
A palavra de Deus que é preservada desde o princípio e durará para sempre é puríssima, livre de corrupções, adulterações, conflações ou qualquer deturpação que possa ser causada pelo homem.

Sl 119:152: “Acerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre.”
Desde que Deus revelou cada um de seus testemunhos, presente nas Escrituras, Ele os deu com o propósito de durarem para sempre. Podemos confiar nisso.

Sl 138:2: “Inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.”
O nome de Deus é glorioso e santo. Ele zela por seu nome, tal como expresso no terceiro mandamento e na primeira petição da oração do Pai Nosso. Tudo que Ele faz é para a Sua glória. Não demonstraria Deus igual zelo em preservar, pura, Sua Palavra em todos os tempos?
Uma vez que Deus engrandeceu Sua Palavra acima de todo o Seu Nome, se Ele permitisse que Sua Palavra se perdesse ou fosse corrompida, o seu próprio Nome e caráter cairiam em descrédito, uma vez que ele os atrelou à Sua Palavra.

Pv 30:5-6: “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.”
Tanto Deus afirma que Sua palavra é pura – sem contaminações, sem erros, sem corrupções – quanto vemos que Ele sim cuida e se importa com que nada seja acrescentado a ela (justamente as acusações de conflação levantadas pelos críticos modernos e incrédulos).

Ec 3:14: “Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.”
A revelação de Sua Palavra é uma obra de Deus. Ele a escreveu com seus dedos nas tábuas de pedra no monte Sinai. Ele moveu os seus profetas a registrá-las conforme cada palavra que pôs em sua boca. As Escrituras Sagradas são obra de Deus. E nelas lemos que tudo quanto Ele faz durará eternamente. Não uma parte; mas tudo. Não por um período, mas eternamente. A esta obra, Deus proibiu o homem de acrescentar ou tirar qualquer coisa. Portanto, podemos crer, com confiança, que toda a Palavra de Deus revelada e escrita foi preservada sem tirar nem por por todos os séculos, desde que fora entregue, até os dias de hoje.

Is 30:8: “Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente.”
A palavra que Deus colocou na boca do profeta deveria ser escrita, de tal modo que permaneceria para sempre e perpetuamente. É assim que Deus preserva Sua Palavra, segundo as Escrituras.

Is 40:8: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.”
A palavra de Deus é pura, é santa, é gloriosa; esta palavra divina  permanece para sempre. Se o homem pudesse alterá-la, deixaria de ser a palavra de Deus subsistindo eternamente.

Is 59:21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o SENHOR, desde agora e para todo o sempre.”
Deus colocava na boca do profeta as palavras que Ele devia transmitir ao povo. O profeta não poderia transmitir algo de seu coração, senão cada uma das palavras que Deus lhe deu para falar (Jr 1:4,9; 23:16,21). Deus prometeu que tais palavras (não meramente a ideia geral), permaneceriam disponíveis não apenas para a geração do profeta, mas também para todas as gerações posteriores a ele.

Jr 36:28: “Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que queimou Jeoiaquim, rei de Judá.”
Deus fez questão que as exatas mesmas palavras fossem novamente escritas. Nisto vemos a ação do Espírito Santo em auxiliar Jeremias nesta tarefa. Deus não inspirou uma mera ideia; ele inspirou as palavras que transmitem as ideias, e demonstra seu zelo por cada uma.

Mt 4:4: “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
Toda a palavra que sai da boca de Deus nos é necessária. Se Deus revelou uma palavra singular, e esta tivesse sido perdida, estaríamos em prejuízo.
A expressão “Está escrito” (Γέγραπται – gegraptai) está no tempo perfeito indicando ação passada com resultados contínuos, ou seja, “tem sido escrito de uma vez para sempre”. O tempo perfeito deste verbo “está escrito” indica que o hebraico havia sido escrito e ainda estava intacto nos dias de Cristo.

Mt 5:18: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.”
Muito claro é este versículo em evidenciar que Deus está preocupado em preservar cada menor traço daquilo que Ele revelou. Ele não diz: cada conceito; cada regrinha; cada pequena sugestão. Ele diz: cada risco de tinta. Para sempre nós teremos acesso ao texto original revelado por Deus nas Escrituras, ou seja, cada exata palavra que estavam presente nos autógrafos.

Mt 24:35: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.”
Deus demonstra sua determinação em preservar suas palavras. Não meramente “sua palavra”, como uma ideia genérica, mas “suas palavras”, ou seja, cada uma delas. Isso Ele garantiu; o que Ele determina e afirma, certamente cumpre.

Lc 16:17: “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.”
Se céu e terra resistem assim ao passar do tempo, muito mais não permanecerá intacta a Palavra que Deus deu ao homem?

Lc 21:33: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.”
Maior zelo demonstra Deus para com Sua Palavra do que para com a própria obr da Criação.

Jo 10:35: “Pois, se chamou-os deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada”
Assim o Senhor demonstra que a Palavra de Deus está livre de influência externa.

1Pe 1:23-25: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.”
Sua Palavra permanece para sempre incorruptível. Não pode mudar ou ser mudado com o tempo. Quem garante isso é o Senhor; logo, não há que se preocupar que algum homem possa prevalecer contra o desígnio de Deus de modo a alterar a Palavra a que a Igreja sempre teve acesso.

Através de um processo de cópias dos manuscritos supervisionado primeiramente pelo próprio Espírito Santo, bem como pela Igreja, de modo que, embora haja variantes textuais, e textos antigos que distem uns dos outros, pode-se saber sua autenticidade observando-se aquilo que estava nas mãos dos crentes. Assim, cópias fiéis ao texto original se multiplicaram (embora deva-se observar agentes externos e contrários que interferiram nisto, como a própria perseguição) e foram largamente utilizadas, ao passo que cópias espúrias e fraudes foram rejeitadas.

Como a Preservação parte da Revelação, ou seja, a intenção de Deus de se revelar para o povo, dá-se também que esse texto de Sua Palavra devesse estar disponível às pessoas de todas as épocas, sempre através da guarda da igreja genuinamente cristã.

A visão dos críticos textuais modernos, incluindo aqui os que defendem o Texto Majoritário (diferente do Texto Recebido) ignoram completamente esses fatores, pois crêem que a partir de descobertas recentes pôde-se perceber que o texto que a Igreja tinha em mãos foi corrompido ao longo do tempo, enquanto cópias mais próximas do verdadeiro estiveram “ocultas”; ou seja, Deus teria deixado a Igreja no erro por mais de 1.500 anos, até que estudiosos modernos finalmente a pudesse recuperar!

No meio disso, há ainda a visão que B. B. Warfield trouxe, tentando conciliar as teorias do texto crítico com a preservação da Palavra (leia o artigo aqui), ou seja, dizendo que Deus preservou Sua Palavra através da ciência racionalista da crítica textual. “Isso nos faria acreditar que durante o período do manuscrito os cristãos ortodoxos corromperam o texto do Novo Testamento, que o texto usado pelos reformadores protestantes era o pior de todos, e que o Texto Verdadeiro não foi restaurado até o século 19, quando Tregelles o apresentou da biblioteca do Papa, quando Tischendorf o resgatou de uma cesta de lixo no Monte Sinai, e quando Westcott e Hort foram providencialmente guiados para construir uma teoria sobre isso que ignora a providência especial de Deus e trata o texto do Novo Testamento como o texto de qualquer outro livro antigo. Mas se o Verdadeiro Texto do Novo Testamento foi perdido por 1.500 anos, como podemos ter certeza de que ele foi encontrado novamente?” (Edward F. Hills, The King James Version Defended, The Christian Research Press, 1973, pp. 109-110.) 

A partir dessa miscelânea, há aqueles que dizem que a Palavra de Deus está preservada por meio de todas as opções existentes – ou seja, o que foi preservado é a ideia geral que foi transmitida. Embora (ironicamente) democrática, o fato é que a mensagem está contida no texto – ou seja, aquilo que se quer dizer depende das palavras que foram utilizadas. Qualquer alteração do texto implica, na prática, alteração – maior ou menor – da mensagem. Ou seja, não se importar com as alterações no texto significa não se importar em conhecer a mensagem que Deus nos transmitiu em sua plenitude!

Muita confusão se faz aqui. Uma coisa é texto, outra é manuscritos. Os manuscritos, de fato, foram perdidos, pela estrutura de seu material, excesso de uso, ação do tempo, etc. O texto contido neles, porém, só se pode afirmar que se perdeu quem não crê que Deus tenha preservado Sua Palavra.

Ao contrário, cremos que de forma sobrenatural, Deus agiu através de copistas fiéis de modo a garantir que o exato texto que Ele mesmo transmitiu não se perdesse.

O que não significa que ignoramos que haja variantes textuais. Mas a falta de consenso entre todos os manuscritos não quer dizer em absoluto que não haja um texto verdadeiro; assim como a falta de consenso entre as diversas religiões, denominações e doutrinas não significa que não haja uma verdadeira.

Logo, o esforço é o de se identificar dentre as variantes quais delas é a verdadeira, e isso é de fato um trabalho de crítica textual. A grande questão é quais são as premissas e crenças que embasam esse trabalho? Aquilo que nós temos hoje como “Texto Recebido” é fruto de um trabalho de crítica textual, que passou por dezenas de edições, contemplando muitos e os melhores manuscritos, a fim de separar o joio do trigo.

Embora qualquer cristão verdadeiro não tenha problemas em responder afirmativamente a essas questões, muitos não percebem como a teoria do Texto Crítico solapam sorrateiramente a fé nas Escrituras. Com colchetes e notas de rodapé, palestras sobre críticas textual de púlpito e vários outros questionamentos que apontam supostos erros nas bíblias tradicionais, a fé no texto bíblico é posta em dúvida, e possivelmente não apenas nos trechos em debate; ora, se estes são duvidosos, o que impediria de que todo o resto também seja?

A questão seguinte é: quem pode nos dizer o que pertence ou não aos originais? Os heróis que surgem são os estudiosos, teólogos acadêmicos inflados de livros e teorias de crítica textual inacessíveis a qualquer crente comum, incluindo líderes ministeriais. O que resta é depositar a confiança no fruto de seus estudos (apesar da falta de coesão entre eles). Neste sentido, a Bíblia deixa de ser suficiente por si só, necessitando do aval desses críticos (de piedade questionável, inclusive) para que possamos depositar nossa fé em algo como sendo Palavra de Deus – não perdendo aquele sentimento de que a próxima descoberta pode por algo mais em cheque.

Diante de tudo isso, qual autoridade sobra para as Escrituras? No máximo aquela subjetiva, ou seja, aquele texto que talvez valha para um mas é questionado por outro, ou ainda que é dinamicamente interpretado de uma forma por um, mas diferente por outro. É aquela autoridade semelhante à que havia no período medieval, que precisava passar pelo crivo do Magistério eclesiástico.

Os defensores do Texto Tradicional crêem que Deus revelou-se aos homens e escolheu ordinariamente tornar-se conhecido de todas as nações, em todas as épocas, por meio da palavra escrita, desde que escreveu as tábuas dos mandamentos com o próprio dedo e ordenou, então, que aquilo que Ele soprava aos ouvidos de seus servos fosse escrito e divulgado.

Ele entregou o cuidado dessas palavras à Sua Igreja, Israel, no Antigo Testamento, e os cristãos, no Novo. Em todo o tempo Ele agiu prosperamente para proteger esta Palavra dos ataques do Inimigo, que desde o princípio a tem posto em dúvida (Gn 3:1) e tentado destruí-la, a fim de preservá-la pura para todas as gerações (I Cr 16:15; Sl 119.140).

Assim, pela ativa intervenção divina na e através da história da Igreja é que temos acesso àquelas mesmas palavras que Deus originalmente entregou ao seu povo.

Em primeiro lugar, é necessário ter em mãos, de fato, o texto verdadeiro da Palavra divina. Podemos conhecer isso a partir da fé, primeiro, de que Deus deu a Sua Palavra (Revelação); segundo, de que Ele fez com que aquilo que Ele revelou pudesse ser conhecido por todas as pessoas, em todas as épocas (Preservação); conforme tudo que Ele afirma e promete nas Escrituras.

Tendo entendido e crido nisso, devemos olhar para aquele texto que tem sido utilizado por todos os tempos pela Igreja, o que nos faz chegar ao Texto Tradicional (Massorético e Recebido). Ora, isso pode ser observado, por exemplo, através do número de cópias existentes da família bizantina, o que sinaliza claramente que este era o texto que a Igreja utilizava, aprovava e multiplicava (para uso próprio e de outros crentes em outros lugares). Isso também pode ser observado através dos documentos históricos, como por exemplo dos pais da Igreja, que citam a Bíblia tal qual pode ser lido no Texto Tradicional. A partir dessas citações, praticamente 100% do Novo Testamento pode ser reconstruído, chegando ao resultado como é trazido no Texto Recebido!

Há ainda quem diga que no fim tudo isso é perda de tempo, pois quando o texto original é traduzido nós perdemos seu significado na mudança de idioma, de modo que não dispomos de nenhuma tradução que seja perfeita. Ora, embora isto seja verdade, esse é um dos motivos que justifica a necessidade de mestres na Igreja, que expliquem de fato o que o texto quer dizer, a partir dos originais. Isso requer estudo, por parte dessas pessoas, e a comunhão da Igreja (conforme lemos em Ef 4).

Contudo, uma tradução ruim de um texto que não reflita exatamente aquilo que Deus falou, poderá deixar um cristão sem o entendimento pleno daquilo que Deus de fato disse, ou mesmo com uma compreensão errada das Escrituras.

Assim, ter uma boa tradução permite que os leigos estejam muito próximos do original. Daí a importância de um método de tradução que siga a equivalência formal, por garantir ao leitor ter acesso a uma tradução o mais fiel possível ao original.

O Texto Tradicional corresponde ao Texto Massorético, no Antigo Testamento, e o Textus Receptus, no Novo Testamento. Esse nome é dado por ser esse o texto utilizado pela Igreja desde o primeiro século, o que atesta para sua autenticidade e que pode ser verificado reunindo os documentos dos Pais da Igreja, a partir dos quais é possível reconstruir praticamente todo o Novo Testamento tal qual consta no Textus Receptus.

Carrega consigo a compreensão de que Deus, desde que passou a transmitir sua revelação de forma escrita, a partir das tábuas dos mandamentos, então movendo Moisés e os demais profetas e apóstolos, fez isso de tal maneira que todas as pessoas pudessem conhecer essa Palavra, em todas as épocas, usando Sua Igreja para guardá-lA, contudo sem que dependesse de homens falíveis para a sua preservação (Dt 30:1-14).

Ao contrário. Os manuscritos da família bizantina são acusados de serem distantes dos originais porque seus manuscritos mais antigos datam do século VIII. Ora, na verdade, é mais fácil que se percam manuscritos muito antigos de um bom texto, do que se continue a reproduzir manuscritos de um texto ruim posteriormente. O fato é que, pelo muito manuseio, através do uso e do processo de cópias, além da própria ação do tempo sobre um material que não foi condicionado de forma a permanecer em desuso, e inclusive pela perseguição da igreja nos primeiros séculos, que levou muitas cópias das Escrituras a serem queimadas, é muito compreensível que não se encontre mais disponíveis manuscritos tão antigos de um texto largamente usado pela Igreja. Ademais, o grande número de cópias existentes desses manuscritos (mais de cinco mil!) comprova que esse é o texto que tem sido utilizado e multiplicado pela Igreja desde os autógrafos.

Tudo isso, somado às evidências documentais dos pais da igreja, que servem de parâmetro para autenticar o texto desses manuscritos, mostra que, embora não haja mais manuscritos tão antigos, o texto bizantino é o que vem sendo utilizado pela Igreja desde o princípio.

Por outro lado, se os manuscritos alexandrinos (que são priorizados pelo texto crítico) são os melhores, por que não tem nenhum ‘filho’ posterior?

É o texto hebraico perfeitamente inspirado desde suas origens e perfeitamente preservado em manuscritos (i. é: “cópias escritas à mão”) durante milênios em ininterrupto uso pelos fiéis e verdadeiros judeus, passando por Esdras, até ser conhecido pelo nome de Texto de Ben Chayyim, sendo impresso (em oposição aos prévios escritos feitos à mão) pela primeira vez por Daniel Bomberg em 1524- 1525).

O texto hebraico do Antigo Testamento é chamado de Texto Massorético porque, em sua forma atual, é baseado na Masora — a tradição textual hebraica dos estudiosos judeus conhecidos como massoretas (ou masoritas). Os massoretas eram rabinos que fizeram de seu trabalho especial corrigir as falhas que haviam surgido no texto do Antigo Testamento durante o cativeiro babilônico e impedir, no futuro, que ele fosse corrompido por qualquer alteração. Eles primeiro separaram os livros apócrifos dos livros canônicos e dividiram os últimos em vinte e dois livros, sendo o número de letras do alfabeto hebraico. Em seguida, eles dividiram cada livro em seções e versículos.

Há uma grande diferença de opinião quanto à data em que o Texto Massorético foi escrito, mas provavelmente foi realizado entre os séculos X e XI. Várias edições existiram, variando consideravelmente, mas o texto aceito e autorizado é o de Jacob ben-chayim ibn Adonijah, que cuidadosamente examinou e organizou as obras anteriores sobre o assunto. Foi publicado em 1524.

O texto Massorético já estava em uso comum mesmo no tempo de Jesus, e foi padronizado pelos massoretas (escribas judaicos). Foi entre o quinto e sexto século que os massoretas introduziram as vogais na língua. 

Na antiguidade, o texto hebraico foi cuidadosamente guardado pelas leis dos escribas, através do Talmude, e havia regras acerca do tipo de peles que poderiam ser usadas, o tamanho das colunas e até o espaço entre as letras e palavras; e somente tintas especiais poderiam ser usadas. O escriba não poderia escrever nada de memória. As linhas, e até as letras, sempre foram contadas. Tudo isto, e muito mais, foi feito para evitar quaisquer tipo de erro. Se um manuscrito apresentasse erros calígrafos, eles seriam obrigados a destruí-lo.

A descoberta dos rolos do Mar Morto só confirmam a existência e a confiabilidade do texto hebraico Massorético.

A ideia de que passagens de Novo Testamento fazem citações da Septuaginta não tem um bom fundamento e não procede. A própria data de surgimento deste documento – que em muitos lugares é mais uma paródia que uma tradução – é controversa. Mas certamente a Septuaginta não foi utilizada nem por Cristo, nem pelos apóstolos, muito menos somos nós autorizados a utilizá-la em nossas traduções, como o fazem as versões baseadas no Texto Crítico. Leia, por exemplo, sobre o uso de Targums por Cristo e também este artigo.

É o texto grego perfeitamente inspirado desde suas origens e perfeitamente preservado em cópias à mão, durante séculos, em ininterrupto uso pelos fiéis e verdadeiros cristãos, passando pela Síria, pela Macedônia + Ásia Menor + Ponto, pelos vales do Piedmont (= “Aos Pés das Montanhas” [Alpes]), na Itália e na Suíça. A igreja em Antioquia foi o local onde pela primeira vez os discípulos de Cristo foram chamados cristãos.

Desde o ministério de Cristo até mais ou menos o ano 100d.C.,os manuscritos originais do Novo Testamento foram escritos na língua grega, sendo que o livro de Apocalipse, escrito pelo apóstolo João, foi o último a ser escrito, e isso por volta de 96 d.C. Vemos pela história que, com raras exceções, os livros do Novo Testamento foram sendo aceitos como canônicos pelas Igrejas quase que imediatamente após terem sido escritos. O que vemos é uma definição rápida e praticamente unânime do que era canônico, a ponto de em 150 d.C. várias traduções dos textos bíblicos serem feitas, contendo os mesmos 27 livros que encontramos hoje em nossas Bíblias. Temos assim, que menos de cem anos depois do primeiro documento ser escrito, os livros do Novo Testamento já estavam reunidos e eram reverenciados pela Igreja de Cristo como sendo de autoridade escritural divina. Foi criado um cânon oficial do Novo Testamento, o qual foi aceito por todas as Igrejas que se chamam cristãs.

Muitos séculos depois, em 1453 depois de Cristo, essa região de Bizâncio foi invadida por muçulmanos, o que levou vários teólogos e eruditos cristãos a fugirem de lá, levando consigo textos gregos do NT que haviam sido usados e copiados. Alguns possuíam partes do NT, enquanto outros, muito poucos, possuíam o NT inteiro.

Os textos seguiram para a Europa, onde lia-se predominantemente textos traduzidos para o latim. Com a chegada dos textos bizantinos, houve um renascimento do interesse pela língua grega. Tudo isso ocorreu à época do descobrimento da Imprensa em 1442, e também próximo à época da Reforma Protestante, deflagrada por Martinho Lutero em 1517.

Entre a geração de eruditos em grego, que se sucedeu, estava Erasmus, de Rotterdam, que preparou uma edição do Novo Testamento em grego a partir de cinco manuscritos que eram altamente reputados”. Mesmo que Erasmus tenha usado apenas uns poucos manuscritos como base para sua obra, ele conhecia um considerável número de textos em grego e de versões antigas, inclusive o códice Vaticanus.

A edição foi impressa em 1516 e foi seguida por quatro edições posteriores. Em 1502, na Universidade de Alcala (Complutum) [na Espanha], o Cardeal Ximenes tinha reunido manuscritos e homens sob a direção de Stunica, que publicou o Poliglota Complutensiano em 1522 Robert Stephens, apoiando-se largamente sobre Erasmus e Stunica, e com pelo menos quinze manuscritos ao seu dispor, produziu edições do texto (em grego) em 1546, 1549, 1550, e 1551. Em 1552 ele retirou-se para Genebra e juntou-se à causa protestante. Theodore Beza produziu nove edições do texto em grego entre 1565 e 1604. Estas seguiram as de Stephens de forma admiravelmente aproximada, embora Beza tivesse alguns antigos manuscritos não disponíveis a Stephens. As edições que os Elzevir imprimiram em Leyden tinham muito em comum com as de Stephens e Beza. A edição dos Elzevir se anunciou a si mesma como o “Textus Receptus” (TR), e desde então a edição de Stephens no ano 1550 [(a 3a.)] tem sido conhecida como o “Texto Recebido” na Inglaterra, enquanto a edição dos Elzevir no ano 1633 tem tido este título no Continente.”

É digno de nota que, apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas diversas edições do TR, entre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de menos de 300 palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas 0,002 %! O Texto Recebido foi utilizado para a criação de várias outras traduções da Palavra de Deus para várias outras línguas, como as Bíblias de Lutero em 1522, de Tyndale em 1526, e do Rei Tiago (King James) em 1611, e também para a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante, neste ponto, notarmos que o TR, diretamente ou através de uma de suas traduções, foi aceito por 100% dos crentes em 100% das Igrejas após a Reforma, e que esta posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX.

Errado. Na realidade, a impressão do Texto Recebido passou por algumas edições, sendo a primeira edição impressa por Erasmo de Roterdã (1516), que se valeu dos manuscritos da família bizantina que vieram ao Ocidente por intermédio da igreja grega, passando por Estienne (1550), Beza (1598), os Elzevir (1633), até Scrivener (1894). Essa família se caracteriza por possuir a suprema maioria das cópias gregas (mais de 5 mil) e ainda guardando uma coesão surpreendente entre si, com pouquíssimas variações. Desta, Erasmo escolheu os melhores representantes para lançar a primeira edição do que, mais tarde, viria a ser chamado de Textus Receptus. O único material que faltou a Erasmo foram os últimos 6 versículos de Apocalipse, para o que ele se valeu de uma cópia em latim.

Após essa, pelo menos 10 outras edições foram lançadas do TR, valendo-se de muitas outras cópias da família bizantina. No total, entre 20 e 30 cópias, como representantes das milhares que compõem a melhor família de texto, foram utilizadas.

Ainda, importante contrastar com a informação de que o Texto Crítico se vale, principalmente, de dois manuscritos, que trazem ainda outros livros gnóstico e dos quais um deles não possui o livro de Apocalipse, além de alguns outros fragmentos. Dessas cópias, milhares são os erros e contradições, além de muitos indícios que apontam para uma qualidade de texto extremamente inferior.

Não, isto é uma fábula. Metzger escreveu: “Erasmus prometeu que inseriria o Comma Johanneum, como é chamado, em edições futuras se um único manuscrito grego pudesse ser encontrado que contivesse a passagem. Por fim, tal cópia foi encontrada – ou feita sob encomenda.” (METZGER, Bruce)

No entanto, na página 291 da 3ª edição de “O Texto do Novo Testamento”, Bruce Metzger escreve: “O que é dito na p. 101 acima sobre a promessa de Erasmo de incluir o Comma Johanneum se um manuscrito grego fosse encontrado que o contivesse, e sua subsequente suspeita de que o MS.  61 foi escrito expressamente para forçá-lo a fazê-lo, precisa ser corrigido à luz da pesquisa de H.J.  de Jonge, um especialista em estudos erasmianos que não encontra evidências explícitas que sustentem essa afirmação frequentemente feita;  veja seu “Erasmus and the Comma Johanneum’, Ephemerides Theologicae Lovanienses, lvi (1980), pp 381-9.”

De fato, seus editores aplicaram a crítica textual, tendo em vista que possuíam milhares de manuscritos à disposição e que, embora poucas, possuíam algumas variações ou erros. Assim, a ferramenta se fez necessária para distinguir, dentre as opções que se tinha a mãos, o que era verdadeiro ou falso.

A diferença para a crítica textual moderna se dá em que, o propósito dos editores do TR não era “reconstruir” ou “restaurar” o texto da Palavra de Deus que teria se perdido, valendo-se de esforços humanos e racionalistas que desconsideram a ação sobrenatural de forma objetiva, mas sim identificar qual era o texto da Palavra que Deus de fato preservou como Ele prometera.

Ou seja, a noção de preservação que o Texto Tradicional carrega como pressuposto não é uma visão inocente que ignora a existência de erros em documentos; mas, que afirma sua fé de que Deus preservou sua Palavra e, por isso, se esforça para separar o joio do trigo, contando, para isso, com o testemunho histórico da Igreja. É nisto que consistiu o trabalho de crítica textual feita pelos editores do Texto Recebido, o que é completamente oposto ao dos críticos modernos, que se colocam na posição de humanamente reconstruírem a obra divina.

Embora muitos acusem de que as próprias edições do Texto Recebido tenham variações entre si, estas poucas são de muito pequena relevância e, na maioria, por questões de ortografia, diferente das milhares de alterações propostas no texto crítico que decepam o texto e alteram significativamente o sentido do mesmo.

Um exemplo das “diferenças” das edições do TR está em Marcos 1.9:

Καὶ ἐγένετο ἐν ἐκείναις ταῖς  ἡμέραις, ἦλθεν Ἰησοῦς ἀπὸ Ναζαρὲθ τῆς Γαλιλαίας, καὶ ἐβαπτίσθη.
O TR de Stephanus de 1550 traz  Ναζαρὲτ (o que, traduzido, seria Nazáreth). Uma edição traz Nazaré com θ e outra traz com τ, diferença que desaparece na tradução.

A única grande diferença se encontra em I João 2.23 B:

(1Jo 2:23 [Beza] 1598) Πᾶς ὁ ἀρνούμενος τὸν υἱὸν, οὐδὲ τὸν πατέρα ἔχει· ὁ ὁμολογῶν τὸν υἱὸν, καὶ τὸν πατέρα ἔχει.
(1Jo 2:23 [TRa]) πᾶς ὁ ἀρνούμενος τὸν υἱὸν, οὐδὲ τὸν πατέρα ἔχει.
(1Jo 2:23 Scrivener 1894) πᾶς ὁ ἀρνούμενος τὸν υἱὸν, οὐδὲ τὸν πατέρα ἔχει.  ὁ ὁμολογῶν τὸν υἱὸν, καὶ τὸν πατέρα ἔχει.
Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai: [(mas) aquele que reconhece] [o Filho] [tem] [o Pai] [também].

Como se resolve isso? Pelo consenso da igreja sobre a passagem – edições do TR, uso em outras traduções, citações de pais da igreja e lecionários. A expressão em negrito não se encontra em alguns TRs, porém era consenso no uso da igreja e as edições contendo a segunda parte prevaleceram.

Beza 1582, 1589, 1598, Vulgata, the Great Bible, têm “mas aquele que está confessando o Filho também tem o Pai”.

É dito que o Texto Tradicional foi conflacionado, ou seja, sofreu acréscimos dos copistas de partes que não pertenciam ao original. Essa afirmação parte do pressuposto de que as Escrituras teriam evoluído dentro da Igreja pela ação humana, sem qualquer intervenção da parte de Deus para preservá-la; ou seja, após ter entregue Sua Palavra  perfeita aos homens, Ele teria permitido que eles irremediavelmente a alterassem. Vem da ideia de que no início havia vários “cristianismos” diferentes, como um cristianismo gnóstico, um ortodoxo, etc., predominando este por fim sobre os outros. Assim, a fim de se favorecer a ortodoxia, os copistas teriam feito correções e acréscimos ao texto bíblico.

Tais afirmações, no entanto, não têm nenhuma comprovação. Na verdade, o processo de cópias facilitaria mais a supressão de partes do texto do que acréscimos (o que demandaria maior esforço), tanto de forma acidental – por desatenção ou sono, por exemplo – ou mesmo intencional – a fim de perversamente excluir trechos que favorecessem a ortodoxia.

Há muito material disponível em defesa dessas passagens. Veja, por exemplo, os conteúdos na página de Artigos e Recursos, como as palestras no Tabernáculo Metropolitano, bem como o livro Evidências da Autenticidade de João 7.53-8.11, e outros.

A própria igreja grega (que historicamente teve a guarda dos manuscritos gregos) jamais questionou ou permitiu o questionamento delas, como começaram a fazer muitos acadêmicos modernos.

Além disso, é interessante notar o fato de que a Igreja inteira, historicamente, aceitou inquestionavelmente essas passagens. Estariam os eruditos modernos em melhores condições de questioná-la do que aqueles que estiveram muito mais próximos de sua origem, como Jerônimo, Gregório e tantos outros?

O primeiro problema começa com a relativização das Escrituras Sagradas. Por meio de colchetes ou notas de rodapé em nossas versões e até mesmo palestras sobre crítica textual – que em até mesmo tomam o lugar da pregação bíblica nos púlpitos – dúvidas a respeito da autenticidade do texto são colocadas na mente do leitor. A justificativa que se dá para tentar explicar porque a maior parte do último capítulo de Marcos não pertenceria ao original, por exemplo, leva a questão: se essa parte foi perdida, o que garante que o resto também não o foi? Ou, se algum outro trecho se é dito que foi alterado, o que pode garantir que tantos outros também não o foram? Por mais que se argumente que os melhores eruditos através da crítica textual nos garanta isso, essa garantia só tem validade até as próximas descobertas.

Precisamos de uma base segura, e a única confiável que temos é a mão de Deus agindo na história para Preservar Sua Palavra. Confiar que as Sagradas Escrituras nos estão sendo fornecidas mediadas pelo brilhantismo da razão humana é um fiasco.

Isso leva a outro problema: os que se põem debaixo das conclusões dos críticos modernos acabam por eleger para si o seu Magistério – outrora eclesiástico, medieval, agora acadêmico – o qual é responsável por determinar para nós o que é Palavra de Deus ou não. O lema Sola Scriptura passa primeiro pelo crivo dos eruditos; e como fica a Suficiência das Escrituras?

Embora se afirme que as passagens em questão não afetem a doutrina cristã de modo geral (embora individualmente as ataquem grosseiramente), essa relativização tem conduzido a Igreja e o mundo a colher os frutos do modernismo teológico. Veja, por exemplo, este artigo. Ora, em se tratando as palavras que procedem dos lábios de nosso Criador, de cuja todas elas nós necessitamos para viver (Mt 4:4), onde está a reverência e temor para se alterar sequer aquela mínima parte que se julga insignificante, dado que o próprio Senhor prometeu que até os pequenos traços de Sua palavra escrita seriam preservados? (Mt 5:18)

Junto ao questionamento do texto em si, pela baixa crítica, temos ainda o questionamento da autoria e canonicidade das Escrituras por meio da alta crítica. Relativismo, liberalismo, apostasia: este tem sido o infeliz caminho trilhado por muitas igrejas.

Ora, tais dúvidas e ataques contra os textos bíblicos minam a autoridade objetiva da Palavra de Deus. Afinal, antes de aceitá-la e submeter-se a ela, faz-se-ia necessário primeiro questioná-la.

Também erros crassos são inseridos, minando a doutrina da Inerrância bíblica (como atribuir a Isaías algo que ele nunca disse). Para não mencionar os pressupostos (implícitos) de que Deus não quis ou não foi capaz de preservar de forma perfeita a Palavra que Ele entregou à Sua Igreja, o que acaba por inutilizar a própria doutrina da Inspiração.

A questão da crítica textual tem como pano de fundo um apelo aos métodos científicos como forma de validar a Palavra de Deus, uma vez que rejeita ou põe em segundo plano o agir sobrenatural.

Num contexto mais amplo, a partir do século XVII, após o Iluminismo, houve um crescimento do racionalismo pelo mundo, que conduziu muitos a heresias como arianismo e socianismo no século XVIII (na Europa principalmente) e ao liberalismo teológico do século XIX. Ainda neste contexto deste século, temos o crescimento do cientificismo, ou seja, uma tendência intelectual de se enxergar a realidade através da ciência, com seu método de busca por evidências empíricas (submetidas ao método científico e naturalista). Nesse período, seguindo justamente essa tendência racionalista, temos ainda o surgimento do alto criticismo, ou seja, o método histórico-crítico de se interpretar a Bíblia a partir de pressupostos totalmente seculares. Aqueles que se valiam e valem desse método percebem a Bíblia não como um livro inspirado, mas mitológico em grande parte, escrito por homens sem qualquer inspiração divina, negando a autoria dos livros, principalmente os veterotestamentários, e colocando-os como fruto de literatura posterior e fantástica, esvaziando a sobrenaturalidade das profecias e ações divinas.

Num contexto reformado, essa perspectiva racionalista sobre a Bíblia começou adentrar nos seminários, como no Princeton Theological Seminary, através de Charles Augustus Briggs. No final do século ele lança uma obra questionando a autoria dos livros do Pentateuco, bem como sua inerrância e infalibilidade, carregando as premissas de que a Bíblia era um livro humano, não inspirado, e negando, ou colocando em baixa importância, as crenças cristãs fundamentais, como a literalidade da ressurreição, o nascimento virginal, a canonicidade das Escrituras, além do próprio criacionismo, dando crédito ao evolucionismo de Darwin e tentando trazer isso para a religião já que, para ele, Gênesis era um livro mitológico. Isso leva a um cisma no seminário, em que a ala liberal e academicista (cientificista) ganhou. Aqueles que combateram esse liberalismo, defendendo a ortodoxia cristã e uma visão conservadora, como B. B. Warfield, fundaram então o Westminster Theological Seminary.

Já no século XX o cientificismo sai do campo das ciências naturais para querer dominar sobre todos outros campos de conhecimento (como a filosofia, religião, etc) como o único método de se interpretar a realidade, ganhando o pensamento na academia. A partir daí, passou-se a ter a visão de que a religião é contrária à ciência, diferente do que se pensava antes, conduzindo a um esforço por se tirar Deus da ciência, dos métodos, dos pressupostos e da academia em geral.

Em resposta ao crescimento do liberalismo religioso, tivemos, início do século XX, o surgimento do fundamentalismo, por meio de um grupo de cristãos que se levantaram em defesa da ortodoxia, os quais escreveram diversos panfletos, na década de 1910, sobre as doutrinas cristãs e os distribuíram para diversas entidades e lideranças cristãs, os quais foram conhecidos como The Fundamentals. Com o surgimento do fundamentalismo cristão, esse avanço do liberalismo e muitas outras coisas anti-cristãs foi barrado nas igrejas.

Foi daí então que começaram a atacar pela academia, tentando entrar nos seminários ortodoxos, por meio do cientificismo. Assim, a partir da formação de lideranças cristãs, como teólogos e pastores e outros professores e diretores de seminários, a comunidade cristã poderia ser amplamente influenciada.

Assim, mesmo apesar da luta direta contra o liberalismo, certos “resquícios” desse cientificismo permaneceram, junto à crescente valorização do método científico no meio acadêmico de forma geral, e desprezo pelas demais fontes de conhecimento da epistemologia (filosofia, teologia).

B. B. Warfield, por exemplo, apesar de ter sido considerado como um fundamentalista, conservador, por sua luta contra o liberalismo, acabou prestando um grande desserviço no que tange à questão do texto da Palavra de Deus. Numa tentativa de conciliar “os dois lados”, afirmava (ao contrário do que diziam os liberais) que a Bíblia é, sim, inspirada por Deus em sua totalidade; contudo, essa palavra inspirada estava nos manuscritos originais, que se perderam. Warfield valentemente defendeu a inspiração e inerrância das Escrituras, porém falhou em defender a preservação integral desta palavra perfeita. Ele dizia, então, que a crítica textual teria sido a forma como Deus se valeu para preservar Sua Palavra. Ou seja, exclui-se o sobrenatural para dar espaço ao naturalismo – isso não é muito diferente daqueles que tentam conciliar um evolucionismo teísta, que excluem o sobrenatural da criação conforme descrita em Gênesis, para dar espaço ao evolucionismo natural). Quantos teólogos foram grandemente influenciados por essa visão a partir de B. B. Warfield!

Assim, para ser reconhecido como “científico”, precisa ser, necessariamente, cientificista. Baseado nesses parâmetros colocados na academia, começou-se a se querer validar, de forma naturalista e cientificista, a fé cristã no seminário. Por exemplo, ‘pode-se afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus preservada porque podemos recuperar o texto perdido de forma científica’. Há uma falsa validação, um esforço por mostrar que a Bíblia, a fé cristã, etc., pode ser validada dentro dessa ciência (ou seja, do cientificismo, que é a imposição dos métodos usados nas ciências naturais sobre outras áreas, como a religião).

Dentro dessa academia cientificista, o Texto Crítico pode ser validade até certo ponto, ao adotar pressupostos naturalistas, enquanto o Texto Recebido não passa na validação dessa academia cientificista porque seus pressupostos são sobrenaturais. Assim, muitos aderem à crítica textual moderna pensando que assim estão fazendo um serviço, que é mostrar para o mundo que a Palavra de Deus, mesmo dentro da ciência (cientificismo), é válida.

Um exemplo de como isso acontece mesmo com os seminários, se dá quando se busca o reconhecimento pelo MEC, ou seja, a aprovação secular para algo que não é secular. Queriam parecer mais científicos.

Dessa forma, a academia não promove aquilo que é baseado em pressupostos cristãos, se não o que condiz com os pressupostos cientificistas. Isso é muito fácil de se notar, ao tratar da discussão entre o texto original da Palavra de Deus, quando os teólogos/acadêmicos mais reconhecidos tratam à base da carteirada (a despeito de argumentos vazios), desqualificando qualquer outro que contra-argumente contra ele, por mais bem fundamentado que esteja, apenas porque é alguém que não goza dos prestígios acadêmicos hoje, numa tática conhecida como falácia ad verecundiam ou de apelo à autoridade. Artigos são promovidos daqueles que seguem essa linha de pensamento dominante, enquanto teólogos brilhantes são propositalmente ignorados, por serem tratados, pejorativamente, como fundamentalistas.

No Brasil, a Igreja desfrutava da tradução de Almeida, feita a partir do Texto Tradicional, muito embora a cada nova versão já estivesse recebendo introduções do Texto Crítico, a Almeida Revista e Corrigida (ARC), amplamente conhecida e utilizada, a qual era publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana (TBS), a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (SBBE, que logo mais se tornou aqui a Sociedade Bíblica do Brasil – SBB) e, mais tarde, pela Imprensa Bíblica Brasileira (IBB).

No início do século XX, a SBBE, junto à Sociedade Bíblica Americana (SBA) lançou a Tradução Brasileira, uma versão baseada no Texto Crítico. É fato que naquela época ainda havia muito comum a prática de memorizar versículos bíblicos e as pessoas logo perceberam os problemas nesse texto, motivo por que foi rejeitada pela Igreja e saiu de circulação (até ser relançada recentemente, numa nova tentativa). Aliás, parece que somente quem gostou dela foi a seita dos assim chamados “Testemunhas de Jeová”.

Contudo, após a II Guerra Mundial, por dificuldades financeiras, a TBS deixou de publicar as bíblias no Brasil, confiando que as demais editoras permaneceriam publicando as traduções fieis ao Texto Recebido, as quais ficaram com os direitos exclusivos de publicação da ARC.

A partir do surgimento da SBB, no final da década de 40, esta se propôs a uma empreitada de atualizar a linguagem da ARC, que há muito permanecia com palavras obsoletas. O presidente da sociedade, pr. Sinésyo Lyra, fez parte da comissão de revisão e atualização desta versão, até o momento em que ele percebeu que o trabalho, na verdade, consistia em não somente atualizar a linguagem da Bíblia, mas também em substituir o Texto Recebido pelo Texto Crítico. Sentindo-se enganado ele abandonou a comissão e o trabalho. Mais tarde, a tradução Almeida Revista e Atualizada (RA) seria lançada, em mais um tentativa de introduzir o Texto Crítico na igreja brasileira, rejeitado outrora, porém agora com um recurso de marketing muito bom: utilizando-se do nome “Almeida”, tão popular e aclamado pelo povo brasileiro, muito embora se valesse de um texto diferente do que Almeida utilizara.

Nesse período, havia evidências que levaram a crer que seria retirada de circulação no Brasil a Bíblia Almeida Revista e Corrigida, a qual nem seria impressa nem se concederia os direitos dela para alguma outra editora, de modo que permanecesse apenas a opção de uma tradução baseada no Texto Crítico, a RA.

Diante disso, o recém chegado ao Brasil Thomas Gilmer, juntando-se com o pr. Sinésyo Lyra e outros líderes evangélicos, como Josias Baraúna Filho e Silas Evangelista de Oliveira, recorreram à ajuda da TBS, a qual retornou ao Brasil, fundando a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, em 1968, com o objetivo de revisar e publicar a Bíblia de Almeida, fiel ao original.

Infelizmente, esse trabalho durou mais tempo do que deveria, e a tradução fiel ao texto original da SBTB foi lançado somente após 1994, dando uma margem muito grande para o avanço do Texto Crítico no Brasil. Felizmente, a partir da instalação da SBTB no Brasil e a proposta de lançar uma Bíblia fiel ao Texto Tradicional, ainda que demorada, fez com que (talvez, por uma questão mercadológica), a ARC publicada pela SBB e IBB não fosse retirada do mercado. O caso é que essa tradução permaneceu com muitos arcaísmos por muito tempo, ao passo que as versões do Texto Crítico foram tratadas diferente, como se percebe, por exemplo, com a tradução Revista e Atualizada (RA) e o lançamento da paráfrase Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH).

Hoje em dia, os novos seminaristas que têm ingressado na academia teológica, possuem diante de si nomes com títulos e currículos extensos, dando carteiradas e impondo seu “conhecimento científico” a respeito do texto da palavra de Deus. A carga de matéria que recebem durante todo o período de estudos é extensa, e o conhecimento que possui sobre esse assunto, geralmente, não é muito grande; é muito mais fácil simplesmente receber aquilo que os “especialistas” da área estão afirmando. Após graduados, aqueles que ingressam no ministério certamente possuem muitas ocupações e preocupações. Certamente muitos desses estudantes, teólogos e ministros são pessoas piedosas mas que não possuem um conhecimento sobre a realidade desses fatos, os quais esperam receber tal conhecimento justamente dentro de uma academia que, infelizmente, foi tomada em grande parte pelo cientificismo nesta área. A tendência natural é que essas coisas sejam meramente replicadas. Em outras palavras, muitos não percebem o todo do problema, ou não percebem as consequências deste problema, ou seja, de onde isso surgiu e aonde isso está levando a Igreja e o mundo (são ignorantes); ao passo que há sim aqueles que percebem o problema e o ignoram ou o promovem propositalmente (são desonestos e liberais). Para somar, ainda, a procura das pessoas por aquilo que mais as agrade ou se adapte às suas preferências pessoais aumentou muito, tornando o mercado de venda de traduções tornou-se um ramo muito lucrativo. Versões despontam por toda parte, cada uma trazendo em seu prefácio que traz as descobertas mais recentes e o melhor texto para o seu leitor, cada uma alegando ser fiel aos originais – mas quais originais?

Mais uma vez, a ala da religião que afirma que há somente um caminho a se seguir, um único texto fiel aos originais, é desprezada.

Dizem que  os reformadores, os grandes pregadores puritanos, os grandes batistas e presbiterianos do passado, todos usavam o TR pois supostamente não conheciam outras variações de manuscritos que divergissem dele. Essa é outra falácia repetida por acadêmicos, teólogos e editoras. Os reformadores utilizaram o Texto Recebido tendo conhecimento, ao menos em parte, dos manuscritos que são utilizados pelos críticos modernos e os rejeitaram completamente. Na verdade, eles utilizaram o Texto Recebido por este refletir perfeitamente as Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamento, perfeitamente inspiradas e preservadas desde a sua origem, em uso pela Igreja ao longo de todos os tempos. Ora, os grandes mestres do passado não eram coitadinhos sem recursos. Veja este exemplo:

Ef 5:30: Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. “da sua carne, e dos seus ossos” se encontra no TR, mas não no TC.

Veja o comentário de John Gill (séc. XVIII) sobre este texto:

“Pois somos membros de seu corpo… Não de seu corpo natural, pois isso tornaria a natureza humana de Cristo monstruosa; Cristo, como homem, é de nossa carne e de nossos ossos, ou participante da mesma carne e sangue conosco; ou então, sua encarnação não teria sido útil para nós; e se nossa natureza humana fosse de Cristo, não teria sido corrompida; mas nossos corpos, carne e ossos, são do primeiro, e não do segundo Adão, e portanto corruptos e pecaminosos; Cristo, de fato, como Deus, é o formador de toda a natureza humana e, como homem, foi estabelecido nos pensamentos de Deus como seu modelo; mas o apóstolo está falando aqui dos santos, não como homens, mas como cristãos, como novas criaturas em Cristo; e do que é peculiar a eles; e, portanto, isso deve ser entendido do corpo místico de Cristo, a igreja; que é seu pelo dom do Pai e por sua própria compra; e do qual ele é a cabeça, e que está unido a ele; agora disso os santos são membros; veja Ro 12:5.

De sua carne e de seus ossos: pois assim a igreja pode ser chamada, sua própria carne, sua carne e ossos, por causa da relação de casamento que ela tem com ele, e aquela união espiritual que existe entre eles, que essas frases são expressivo de; e da qual a relação próxima de marido e mulher é um emblema; essas palavras estão faltando na cópia alexandrina e na versão etíope.”

Notemos que ele tinha acesso ao codex alexandrino (do 5 ou 6 século) e versões que ocultavam esse texto, mas ele o comenta como sendo original. O fato é que todos os textos sobre o que o TC coloca dúvida, sem nenhuma exceção, já eram debatidos e, mesmo assim, a igreja escolheu o TR por ser o texto sempre usado e preservado.

Outro exemplo é Romanos 8.1:

Rm 8:1 [Beza]: Οὐδὲν ἄρα νῦν κατάκριμα τοῖς ἐν Χριστῷ Ἰησοῦ, μὴ κατὰ σάρκα περιπατοῦσιν, ἀλλὰ κατὰ πνεῦμα.
Rm 8:1 [ACF]: Portanto, agora nenhuma condenação [há] para os que [estão] em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. (essa parte se encontra em 97.7% dos manuscritos catalogados).

John Gill sabia de cópias que não continham a passagem e mesmo assim em seu comentário teve o texto por autêntico: A frase “mas segundo o Espírito” é deixada de fora na cópia alexandrina, na Vulgata latina e nas versões siríaca.

Beza, Erasmo, Almeida, Os 47 tradutores da King James, Tyndale, Diodate entre outros tinham acesso às variações e mesmo assim usaram o TR; só depois de 1881 é que traduções com o TC ganharam espaço. A mudança não foi porque descobriram coisas novas, mas que o TR é um texto robusto e doutrinário demais pra criar grandes heresias.

“A lista a seguir mostra que os tradutores de 1611 tinham material mais do que suficiente para sua tarefa vital:
1. Todas as Bíblias anteriores impressas em inglês e em língua estrangeira. Estes incluíram a versão jesuíta Reims.
2. Os textos gregos impressos de Erasmo, Stephanus e Beza.
3. O poliglota complutense com o texto massorético do Antigo Testamento hebraico. Os tradutores também tiveram a Antuérpia Poliglota de 1569-1572.
4. Vários mss unciais importantes. e uma grande massa de manuscritos cursivos.
5. A bíblia Vetus Latina
6. As bíblias valdenses ítala, gálica e céltica.
7. Vulgata de Jerônimo.
8. Leituras variantes dos Códices A e B.”
De “O Biblios” The Book by Alan O’Reilly, Covenant Books, 2005. p. 25.

De modo algum, pois o critério de crítica textual utilizado não era ávido por novas descobertas que surgiriam no futuro, mas por aquilo que se pôde observar Deus fazendo ao longo da história. De modo que temos no Texto Tradicional um texto concreto e consolidado, não mais sujeito a dezenas de edições de tempos em tempos ou a cada nova descoberta.

Dito isso, considera-se ainda que, embora os manuscritos do Mar Morto tenham sua importância histórica, sua procedência gnóstica não dá a eles um caráter de legitimidade para produzir alterações no texto bíblico.

A melhor tradução que temos hoje em português, fidedigna ao Texto Tradicional, ou seja, o texto que tem sido utilizado pela Igreja desde o princípio, e valendo-se do método de tradução por equivalência formal, é a Almeida Corrigida e Fiel (ACF), publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Fruto de um trabalho seríssimo e muito dedicado, iniciado por João Ferreira de Almeida, revisada e corrigida posteriormente com muito zelo e diligência, de modo que cada palavra fora estudada e escolhida, com apoio de revisores em Israel, tornando-se uma obra-prima e muito confiável.

Além dela, recentemente foram publicadas uma tradução da também excelente Versão Autorizada inglesa, a King James 1611 (BKJ 1611) e a Bíblia Literal do Texto Tradicional (LTT), ambas pela BV Books.

A equivalência formal é aquela que traduz palavra por palavra, alterando minimamente o texto somente onde realmente se faz necessário para compreensão, buscando, assim, transmitir fielmente a real Palavra divina, pois entende que Deus inspirou cada palavra escrita, e não apenas pensamentos. Tem-se o cuidado de escolher a palavra que transmita o mesmo sentido que a original, de modo que, quando se traduz de volta para as línguas originais, serão obtidas as mesmas palavras – por isso é chamada fiel. Quando é requerido acrescentar alguma palavra para que o texto faça sentido na língua traduzida, há a preocupação de colocá-la em itálico, para que o leitor saiba que ela não consta no original.

A equivalência dinâmica é um método que procura traduzir o sentido do texto; ou seja, o tradutor fará parte do trabalho de interpretação, com o objetivo de facilitar o entendimento, ainda que se perca as palavras originais. Isso, muitas vezes, pode dar um sentido desconectado do contexto geral, incorrendo no risco de apresentar uma ideia não pretendida pelo autor, como ocorre em Ec 3.11. Além disso, esse método sofre o risco de apresentar a opinião do tradutor ao invés da Palavra divina inspirada. O pior caso que talvez possa ser citado é da tradução de Papua Nova Guiné, o de ‘Jesus, o cordeiro de Deus’, onde ‘cordeiro’ foi substituído por ‘porco’.

Por fim, temos a paráfrase, a qual na verdade deixa de ser uma tradução, com a qual o autor reescreve, com suas palavras, aquilo que ele entendeu do que leu. Não se tem mais o texto original, mas sim o entendimento do autor.

Houve um tempo em que isso começou a ser dito e desde então tem sido repetido até mesmo por pessoas que nunca leram essa tradução. Importante notar que a ACF passou por novas edições, sendo a última de 2011 – bastante recente em comparação a outras versões – em que sua ortografia foi revisada e arcaísmos removidos, melhorando bastante o texto.

Embora possa melhorar em alguns aspectos, como o uso de mesóclises, por exemplo, o fato é que a leitura da ACF é acessível a todos – fato que se vê por seu uso na alfabetização de adultos e crianças e no uso para evangelismo com pessoas que nunca tiveram contato com uma igreja – e, na verdade, mais fácil e atual do que uma das versões mais conhecidas, a RA.

Agora, comparando a versões que se baseiam mais numa equivalência dinâmica, é possível que alguém ache a ACF menos fácil, uma vez que o trabalho de interpretação do texto [felizmente] não foi feito pelo tradutor – tarefa que na verdade compete aos pastores – mestres que Deus dotou para servir Seu povo nas igrejas locais com este fim (Ef 4).

Não é melhor ter uma tradução que traga o sentido do que o autor bíblico quis expressar do que ter uma tradução formal com que não se compreende o significado?

Reflita se essa ideia não se aproxima ao papismo, que relega a outrem a tarefa de interpretar as Escrituras e dar o seu sentido para nós. Mas, cremos que o Espírito Santo foi dado para iluminar os crentes e entender as Sagradas Letras, auxiliados por aqueles que Deus dotou para o ministério de ensino, de modo que a verdadeira Palavra de Deus está acessível para todos.

Pensando de outra forma, uma tradução que traz uma ideia e não a tradução fiel obrigaria que o leitor voltasse às línguas hebraicas/gregas para identificar o original, o que excluiria a maioria das pessoas.

Ainda é interessante notar que esse movimento de buscar uma facilitação extrema das traduções é acompanhado por outros indícios, como a queda da qualidade da educação das pessoas – não por falta de capacidade, mas por descer a régua – e pelo aumento dos chamados ‘desigrejados’, pessoas que acreditam que podem ser igreja e servir a Deus sozinhas, fora da comunhão.

A Almeida Corrigida e Fiel é publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Esta sociedade tem por missão distribuir para cada pessoa uma cópia da Bíblia Fiel, para todas as nações.

É uma instituição sem fins lucrativos, pelo que não é uma concorrente direta de demais editoras ou sociedade, tendo o foco de suas publicações restrito ao texto bíblico.

Sendo uma entidade religiosa, a SBTB possui uma declaração de fé que baliza todo o seu trabalho, bem como das pessoas que podem trabalhar lá; seus diretores, por exemplo, anualmente precisam assinar sua concordância quanto aos termos desta declaração de fé. Conforme extraído de sua Constituição:

“Os MEMBROS desta Sociedade consistirão de PROTESTANTES, que reconhecem por escrito à Sede da Sociedade sua crença na DIVINDADE DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, TRÊS  PESSOAS CO-IGUAIS E CO-ETERNAS EM DEUS VIVO E VERDADEIRO (conforme está mais detalhadamente estabelecido no Apêndice a estas leis); em TODA A BÍBLIA como a inspirada e inerrante Palavra de Deus, a única, suprema e infalível regra de fé e prática”.

Neste mesmo documento, é atestada a fé na Trindade; em Cristo como o Mediador; na ressurreição e santidade de Cristo. Veja mais em: The Constitution of the Society – Trinitarian Bible Society

Em 1804, um grupo de ingleses se reuniram a fim de tornar a Bíblia acessível a todos, fundando a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, atualmente conhecida como Sociedades Bíblias Unidas (UBS). Em pouco tempo, adeptos do Unitarianismo (que não crêem na Trindade) foram incluídos como dirigentes dessa sociedade, a qual passou a incluir também os livros apócrifos em algumas Bíblias publicadas na Europa.

Inconformados com essa situação, alguns membros trataram do assunto na Assembleia Anual em 1831, porém na proporção de 6 contra 1 votou-se em manter o status ecumênico da sociedade. A partir disso, esses membros se separaram da mesma, formando então a Sociedade Bíblica Trinitariana, que explicitamente sustenta a doutrina da Santíssima Trindade e rejeita os livros apócrifos, a qual assumiu, como missão, publicar somente cópias fieis das Escrituras Sagradas.

No Brasil se deu a seguinte situação: por volta da década de 1950, a SBB, uma das responsáveis por publicar a Bíblia Almeida, iniciou um trabalho de ‘revisão e atualização’ de seu texto bíblico, sob a justificativa de atualizar a ARC, de linguagem arcaica e defasada há tempos, mas ainda trazendo um texto extremamente fiel – o que evidentemente ganhou grande apoio. Logo depois alguns de seus revisores perceberam que nela estava sendo introduzido o Texto Crítico. Percebendo isso, alguns o denunciaram e abandonaram a comissão.

Pouco depois, percebeu-se sinais de que a SBB e IBB planejavam interromper  a impressão de sua versão baseada no Texto Tradicional, podendo proibir qualquer um de o fazer por não ter os direitos. O mundo de fala portuguesa corria assim o risco de ficar totalmente restrito às bíblias do texto crítico.

Foi então que, preocupado com a situação, um dos pastores que saíra da SBB contatou a Trinitariana em Londres solicitando apoio, a partir do que fundou-se a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, que revisou e corrigiu o texto da ARC, buscando atualizar as palavras e remover erros e qualquer resquício do Texto Crítico.

Ainda hoje, a SBB e a UBS não apresentam uma declaração de fé explícita à qual subscrevam todos os seus membros.

Embora apresente uma fé piedosa na preservação da Palavra e se faça inimiga do Texto Crítico, parecendo até corroborar com o Texto Recebido, a proposta desses dois textos novos também vai contra as Escrituras que a Igreja historicamente teve em mãos.

De fato, procedem também da mesma família de manuscritos bizantina, possuindo muito menos diferenças (embora ainda importantes) em relação ao TR do que o TC. Entretanto, o critério da primeira é tão somente numérico, de onde vem o nome “majoritário”, ignorando o uso dos crentes na história. Apesar disso, o fato é que nenhum homem foi capaz de cotejar todos os milhares disponíveis para afirmar categoricamente que o texto proposto representa a maioria dos manuscritos, pelo que a proposta acaba por ser falaciosa.

Semelhantemente, a F35 de Wilbur Pickering se propõe a ser a melhor representante, mas ambos textos abrem a brecha para o próximo que venha e diga que cotejou mais manuscritos e achou um ainda melhor.

Em resumo, teríamos o seguinte: o Texto Recebido propõe que Deus preservou Sua Palavra disponível à Sua Igreja em todas as épocas. Já o Texto Crítico propõe que Sua Palavra precisa ser restaurada – o que estaria acontecendo nos últimos dois séculos. Por fim, o Texto Majoritário (inclusive a F35) propõe que Deus preservou Sua Palavra, mas ela estava escondida e somente nas últimas décadas alguns brilhantes eruditos a encontraram. As duas últimas propostas abrem a brecha para um texto que nunca tem fim, ou seja, pode estar mudando de acordo com as novas descobertas até que um dia, quem sabe, possamos descobrir o que Deus realmente falou; isso mina completamente a confiança nas Escrituras!

Além disso, esse tipo de texto apresenta sérios problemas teológicos, ao introduzir leituras heréticas. Veja estes exemplos:

Ap 21:6: “Eu me tornei o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último” –  aqui o TMaj nega a eterna deidade de Cristo sugerindo que Ele em algum momento se tornou Deus.

Lc 2:22: “os dias da purificação deles” – aqui o TMaj ataca a impecabilidade de Cristo, sugerindo que Ele foi purificado de imundícia com Maria, contrariando Lv 12.

1Jo 5:7,8: aqui o TMaj omite as três Pessoas da Deidade (o Pai, a Palavra e o Espírito), enfraquecendo a doutrina da Trindade e sua unidade.

Ap 1:11: aqui o TMaj omite “EU SOU o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último”, retirando uma clara referência à divindade de Cristo.

Ap 20:12: aqui o TMaj omite “diante de Deus”, retirando mais uma referência à divindade de Cristo no trono branco.

Ap 2:22 “que eles se arrependam das obras dela” – aqui o TMaj contraria a doutrina bíblica de arrependimento pessoal, sugerindo que alguém pode se arrepender pelas obras de outra pessoa.

At 8:37: aqui o TMaj omite “É lícito se crês de todo coração”, retirando uma referência à necessidade de fé genuína para a realização do batismo de adultos.

At 9:5: além de omitir grande parte do texto, aqui o TMaj retira a conversão de Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?”, essa disposição tão importante que mostra a atitude de um verdadeiro convertido foi completamente apagada, estimulando a conversão falsa, sem mudança de atitude.

Ap 6:11 segundo o Texto Majoritário: “E uma toga branca foi-dada a cada um deles, e foi-lhes dito que ainda sossegassem por um tempo, até que eles completassem (πληρωσωσι – voz ativa) o número dos seus conservos, bem como dos seus irmãos, que estavam para serem mortos como eles” – aqui o TMaj sugere que os próprios mártires iriam completar o martírio de seus irmãos.

Não, somente o TR busca o testemunho dos manuscritos gregos, versões antigas, lecionários e citações dos pais.

The Nestle-Aland Greek Text – 26ª edição:

1. Fragmentos de papiro – 81 de 81 = 100% da evidência
2. Unciais – 246 de 267 = 92% das evidências
3. Cursivas – 202 de 2764 = 7% das evidências
4. Lecionários – 5 de 2.143 = 0,23% das provas

MSS total : 534 de 5.255 = 10% das evidências de MSS

5. Versões Antigas – 3 de 20 = 15% das evidências
6. Pais da Igreja – 72 de 300 = 24% das evidências

Total não MSS: 75 de 320 = 23% de evidências não MSS
Total geral: 609 de 5.575 = 11% de TODAS as evidências.

Nas estatísticas acima, você notará que o pré-requisito nº 1 do reitor Burgon (John William Burgon, teólogo contemporâneo e ferrenho opositor de Westcott e Hort) não foi seguido (CONFIRA). O pré-requisito nº 2 não foi seguido. O pré-requisito nº 3 não foi seguido. O pré-requisito nº 4 não foi seguido. O pré-requisito nº 5 não foi seguido. O pré-requisito nº 6 não foi seguido. Na verdade, Nestlé-Aland segue consistentemente os falsos princípios de Westcott e Hort. Por isso, eles agrupam todos os textos ditos bizantinos como uma única testemunha. Eles rejeitam inteiramente a metodologia de Dean Burgon na crítica textual. O uso de apenas 10% da evidência dos manuscritos também é decididamente contra os princípios sólidos de Burgon. Nada menos que 100% das evidências devem ser usadas para qualquer revisão importante do Textus Receptus que está por trás da Bíblia King James e da Almeida Corrigida e Fiel! O mesmo é verdade em relação ao manuseio das evidências não manuscritas de Versões Antigas e Pais da Igreja. Utilizar apenas 23% dessas evidências também é lamentavelmente defeituoso. Dean Burgon exigiria 100% das evidências a serem utilizadas.

O chamado “Texto Grego Majoritário” de Hodges & Farstad também se recusou a seguir os seis pré-requisitos de Burgon e, portanto, não é o que Burgon chamaria de uma “revisão autorizada” do Textus Receptus. Se você examinar de perto o chamado Texto Grego Majoritário de Hodges e Farstad, no prefácio, descobrirá o seguinte: usando os totais de Kurt Aland em 1967 para evidências de manuscritos gregos existentes, a edição faz uso das seguintes evidências. Como eu disse antes, existem cerca de 20 Versões Antigas de acordo com a pesquisa do Dr. Jack Moorman. O número total de pais da Igreja que escreveram extensivamente durante os primeiros seis séculos foi de 300, como Burgon estimou. Aqui está a evidência usada por Hodges e Farstad:

O chamado “texto grego majoritário de Hodges-Farstad”:

1. Fragmentos de papiro – 8 de 81 = 10% da evidência
2. Unciais – 4 de 267 = 1% da evidência
3. Cursivas – 414 de 2764 = 15% das evidências
4. Lecionários – 0 de 2.143 = 0% das provas

MSS total: 426 de 5.255 = 8% das evidências de MSS

5. Versões antigas – 0 de 20 = 0% das evidências
6. Pais da Igreja – 0 de 300 = 0% das evidências

Total não MSS: 0 de 320 = 0% da evidência não MSS
Total geral: 426 de 5.575 = 7% de TODAS as evidências.

O texto majoritário, se posiciona em favor da retirada de I Jo 5:7. “Um dos argumentos dos críticos é que não há nenhum manuscrito “antigo” encontrado que o contenha, mas sim que todos os manuscritos que o contêm são o que eles chamam de manuscritos “tardios”, do século 10 ou mais tarde.

Mas o que eles falham em apontar é que, entre os manuscritos gregos que contêm o livro de 1 João, mas omitem o comma joanino, 97% são o que os críticos admitem serem “manuscritos tardios”. De fato, deve-se notar também que Michael Maynard, autor de “The History of the Debate over 1 John 5:7”, aponta significativamente que existem apenas 5 manuscritos gregos remanescentes que ainda contêm a epístola de 1 João no todo ou em parte que datam do século 7 ou antes. Isso significa que 97% dos manuscritos descobertos que os críticos usam como “prova” contra a coma joanina são não dos primeiros séculos, mas sim do século 10 ou mais tarde; então, em essência, seus argumentos estão basicamente colocando “manuscritos tardios” contra “manuscritos tardios”.

TC: texto reconstruído a partir de critério de antiguidade;

TM: texto é reconstruído a partir de critério numérico;

F35: texto reconstruído a partir do Pickering;

Todos defendendo a preservação do texto. Porém, essa preservação, em cada uma das correntes respeitando seus pressupostos específicos, têm em comum a dependência de Deus na perícia humana para que sua Palavra seja descoberta e comunicada.

TR: o texto não precisa ser reconstruído mas recebido e crido em sua inteireza. Deus o inspirou e soberanamente o preservou.